26 de fev. de 2012

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Estréia hoje neste blog uma colega minha, a professora Emiliana Abade que escreveu este ótimo artigo sobre o Oscar 2012. E por que estou publicando-o? Pois, além de muito bem elaborado, fez com que eu tivesse vontade de assistir a estes filmes, logo eu que não tenho o hábito (ou tenho muito preconceito) de assistir à filmes indicados ao Oscar. Sendo assim, espero que gostem do texto, e aos que ainda não viram ao filme que tenham a mesma vontade que eu adquiri.

Oscar 2012 – O diálogo entre as produções O artista, Meia-noite em Paris e A invenção de Hugo Cabret
Sobre a premiação do Oscar deste ano temos ouvido dizer que o filme O artista surpreende e que é favorito a levar a estatueta. O que torna a aposta um fato curioso é saber que se trata de uma produção francesa, muda e em branco e preto, que agradou o público mesmo em tempos de cinema 3D.
De fato O artista é um filme lindíssimo. O espectador é convidado a revisitar ou mesmo conhecer o cinema mudo. Mais importante que o próprio enredo, que tem como personagem principal um astro do cinema mudo que se entrega à bebida e vê sua carreira entrar em total decadência por resistir ao surgimento do cinema falado, a obra estabelece com o público um diálogo sobre a própria arte de fazer cinema, seu surgimento e seu aprimoramento.
Em Meia-noite em Paris, o personagem central é um cineasta americano decadente que visita Paris, conhece a arte local e percebe que, mais importante do que apreciar ou saber sobre a arte, é importante interagir com ela. O espectador de Woody Allen viaja com o personagem a uma Paris antiga, dos tempos da Belle Époque, período de efervescência cultural, inclusive do surgimento do cinema.
A invenção de Hugo Cabret também se passa em Paris, no início do século XX. Hugo é um menino órfão que mora escondido com um tio na estação de trem. Do pai herdou o ofício de consertar coisas e a paixão por cinema. Um autômato deixado pelo pai o coloca em contato com Georges Mélies, o pai do cinema francês. O que vemos depois é uma nova declaração de amor à sétima arte. Os efeitos visuais criados por Mélies convivem com os efeitos da moderna tecnologia 3D de Scorsese. Neste filme, o espectador está em Paris, ao lado de Hugo porque a tecnologia contribuiu positivamente para essa interação.
É curioso perceber que três filmes produzidos no mesmo ano abordam a temática da arte de fazer cinema e a produção de sentido em seu espectador, já que uma delas ousou fazer mudo e branco e preto. A adesão afetivo-cognitiva do espectador vai variar conforme sua competência cultural ou vai depender da relação que estabeleceu com essa arte.
Há quem vá dizer que não irá ao cinema para assistir a um filme mudo, há quem vá dizer que se transportar no tempo é característica de filme adolescente ou que A invenção de Hugo Cabret é infantil. Contrárias a essas reações estarão aquelas de espectadores que mergulharam na arte para tirar dela o melhor proveito, porque o cinema permite diferentes experiências sensíveis.
O aspecto relevante das três obras é a rica contribuição para uma análise da trajetória do cinema que, desde muito tempo, encanta o público. A grande inovação, no entanto, veio das lentes 3D de Scorsese que inseriu o espectador em visita extraordinária à Cidade Luz, possível de ser vivenciada, por muitas pessoas, às vezes somente no cinema.
Emiliana Abade

Um comentário:

  1. Emiliana Abade26/2/12

    Obrigada, Michael! Os filmes são realmente bons, vc merece vê-los e eles tmb merecem que vc os veja. Bjinhos!!! Emi

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