Estréia
hoje neste blog uma colega minha, a professora Emiliana
Abade que escreveu
este ótimo artigo sobre o Oscar 2012. E por que estou publicando-o? Pois, além
de muito bem elaborado, fez com que eu tivesse vontade de assistir a estes
filmes, logo eu que não tenho o hábito (ou tenho muito preconceito) de assistir à filmes
indicados ao Oscar. Sendo assim, espero que gostem do texto, e aos que ainda não
viram ao filme que tenham a mesma vontade que eu adquiri.
Oscar 2012 – O diálogo entre as produções O
artista, Meia-noite em Paris e A invenção de Hugo Cabret
Sobre a premiação do
Oscar deste ano temos ouvido dizer que o filme O artista surpreende e
que é favorito a levar a estatueta. O que torna a aposta um fato curioso é
saber que se trata de uma produção francesa, muda e em branco e preto, que
agradou o público mesmo em tempos de cinema 3D.
De fato O artista é
um filme lindíssimo. O espectador é convidado a revisitar ou mesmo conhecer o
cinema mudo. Mais importante que o próprio enredo, que tem como personagem
principal um astro do cinema mudo que se entrega à bebida e vê sua carreira
entrar em total decadência por resistir ao surgimento do cinema falado, a obra
estabelece com o público um diálogo sobre a própria arte de fazer cinema, seu
surgimento e seu aprimoramento.
Em Meia-noite em
Paris, o personagem central é um cineasta americano decadente que visita Paris,
conhece a arte local e percebe que, mais importante do que apreciar ou saber
sobre a arte, é importante interagir com ela. O espectador de Woody Allen viaja
com o personagem a uma Paris antiga, dos tempos da Belle Époque, período de
efervescência cultural, inclusive do surgimento do cinema.
A invenção de Hugo
Cabret também se passa em Paris, no início do século XX. Hugo é um menino
órfão que mora escondido com um tio na estação de trem. Do pai herdou o ofício
de consertar coisas e a paixão por cinema. Um autômato deixado pelo pai o
coloca em contato com Georges Mélies, o pai do cinema francês. O que vemos
depois é uma nova declaração de amor à sétima arte. Os efeitos visuais criados
por Mélies convivem com os efeitos da moderna tecnologia 3D de Scorsese. Neste
filme, o espectador está em Paris, ao lado de Hugo porque a tecnologia
contribuiu positivamente para essa interação.
É curioso perceber que
três filmes produzidos no mesmo ano abordam a temática da arte de fazer cinema
e a produção de sentido em seu espectador, já que uma delas ousou fazer mudo e
branco e preto. A adesão afetivo-cognitiva do espectador vai variar conforme
sua competência cultural ou vai depender da relação que estabeleceu com essa
arte.
Há quem vá dizer que
não irá ao cinema para assistir a um filme mudo, há quem vá dizer que se
transportar no tempo é característica de filme adolescente ou que A
invenção de Hugo Cabret é infantil. Contrárias a essas reações estarão
aquelas de espectadores que mergulharam na arte para tirar dela o melhor
proveito, porque o cinema permite diferentes experiências sensíveis.
O aspecto relevante das
três obras é a rica contribuição para uma análise da trajetória do cinema que,
desde muito tempo, encanta o público. A grande inovação, no entanto, veio das
lentes 3D de Scorsese que inseriu o espectador em visita extraordinária à
Cidade Luz, possível de ser vivenciada, por muitas pessoas, às vezes somente no
cinema.
Emiliana
Abade
Obrigada, Michael! Os filmes são realmente bons, vc merece vê-los e eles tmb merecem que vc os veja. Bjinhos!!! Emi
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