A porção de amor de Oberon (O sonho novo de uma noite de verão)
Cena XI (Demétrio
e Helena sem perceber a presença de Hérmia e Lisandro)
Demetrio: Porque ainda me seguis? Já não
basta eu ter acreditado em
ti Quando me falaste que Lisandro e Hérmia estavam querendo
fulgir? Onde estão?
Helena: Juro pelo meu grande amor por ti
que estavam tramando uma fuga.
Demétrio: Como não os acho, vou-me embora.
(sai)
Helena: Não!! Não fujas meu amor. (percebe a presença de Lisandro) Serás que
está morto ou adormecido? Não vejo sangue nem ferida. Acorde! Acorde!
Lisandro: E me atirai no fogo por teu doce
amor! Diáfana Helena! A natureza colocou em ti suas perfeições, pois, através
de teu peito, me deixa ver teu coração. Onde está Demétrio? Esse nome vil é
feito para padecer.
Helena: Não diga isso Lisandro! Que importa
que ame vossa Hérmia? Senhor que importa? Hérmia somente te ama. Deveis estar
contente.
Lisandro: Contente com Hérmia? Não, lamento
os fastidiosos minutos que passei com ela. Não é Hérmia, é Helena a quem amo.
Quem não trocaria um corvo por uma pomba? A vontade do homem é governada pela
razão; e a razão diz que és tu mais digna. As coisas só amadurecem na sua
estação; assim, eu, que era jovem, até agora não havia amadurecido a razão.
Chegando agora ao cimo da experiência humana, minha razão domina minha vontade
e me conduz para seus olhos, onde leio uma história de amor, escrito no mais
rico livro amoroso.
Helena: Não nasci para sofrer este cruel
ridículo. Quando mereci de vós tais ironias? Vós me ultrajais, sem dúvida,
cortejando-me de modo tão desdenhoso. Mas adeus! Porque eu rejeitada por um
homem devo ser insultada por outro?
(sai)
Lisandro (olhando
para Hérmia): Hérmia... Assim como o excesso de guloseimas causa ao
estômago irreversível repugnância, fez em mim o ódio nascer. E que todas as
minhas faculdades consagram seu poder e seu amor, para honrarem a Helena.
(sai)
Hérmia (acordando):
Socorrei-me Lisandro! Socorrei-me! Estavas sonhando meu... Lisandro! Como!
Desapareceu? Meu Deus! Preciso encontrar-te ou então me mato.
(sai)
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