17 de fev. de 2013

Teatro: A porção de amor de Oberon

A porção de amor de Oberon (O sonho novo de uma noite de verão)
Cena XV (Oberon e Puck a parte; Helena, Lisandro e Demétrio)
Lisandro: Por que imaginas que só para ridicularizar-te que peço teu amor? A brincadeira e a diversão nunca têm lágrimas nos olhos. Tudo em mim traz a selo da boa fé. Como pode trazer nele sinais de desprezo?
Helena: Continua tua pérfida com sumo talento. Essas homenagens pertencem a Hérmia. Renuncias a ela? A homenagem que lhe tributas e a que me oferecem agora, posta uma e outra nos braços da balança, têm igual peso: as duas são tão leves como fábulas.
Lisandro: Havia perdido a razão quando lhe jurei amor.
Helena: Não, tu a perdeste agora que a abandonaste.
Lisandro: Demétrio a ama, e não te ama.
Demétrio (acordando): Ó helena, Deusa perfeita! Como são tentadores teus lábios, cereja madura para o beijo! Deixe-me beijar essa maravilha de alvura.
Helena: Que inferno! Todos querem fazer de mim objeto de vossos divertimentos. Se fosses homem não me insultariam assim. Uni-vos para ridicularizar-me. Fazerem-me juramentos e exaltarem-me além de meus méritos, quando estou certa de que me odiais de todo coração! São rivais no amor por Hérmia e rivalizais em ardor para insultar-me. Sublime façanha.
Lisandro: Teu proceder é pouco generoso, Demétrio. Cessa de assim agir, já que amas Hérmia. Não o ignoro, bem sabeis, e aqui declaro que com toda a sinceridade que renuncio em teu favor, a todos os meus direitos ao amor de Hérmia. Renuncia em meu favor a toda pretensão ao amor de Helena, a quem amo e amarei até a morte.
Helena: Nunca vi tamanha falsidade.
Demétrio: Lisandro, fica com tua Hérmia; eu não a quero. Se algum dia eu a amei, todo esse amor se desvaneceu. Meu só teve nela como um conviva. Agora voltou-se à Helena para fixar-se eternamente.
Lisandro: Helena não é verdade.
Demétrio: Não procure diminuir sentimentos que não conheces, ou teme pagar caro a audácia... ai vem tua amada.
(entra Hérmia)

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